sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Soneto de solidão (pós-moderna-virtual-ultra-romântica)




Seduz-me impassível o frio ecrã,
Fere de brilho as vistas frágeis,
Magnetiza os finos dedos ágeis,
Digitais biológicas do meu afã.

Pelos mesmos sítios em vão navego,
Nau perdida em mares conhecidos
Procurando num novo perfil fingido
Um sopro na vela que infle o ego.

Só que hoje o mar em plácido tapete
Negou-me email, testemonial,  fuçada;
Nem scrap em garrafa puxa o molinete.

O último post é da semana passada;
Ninguém me curtiu, ctrl-auto-delete;
Só me resta o reset pra minha toada.

4 comentários:

  1. hehehehe. Adoreei!! Vou deixar um bobinho aqui também ó:

    Click no meu link
    Acesse o meu site
    Procure meu webdesign
    E mande uma mensagem

    Escreva um e-mail
    Feche os pop-ups
    Fuja de algum hacker
    Cuidado com os formats

    Deixe um scrap
    Oucurta minha comunidade
    Deixe um scrap
    Oucurta minha comunidade

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  2. Belo começo, menina Harumi Quinn!
    Siga em frente, desfie as palavras. Gostei do azedinho-doce, das imagens de cica no pudim e da baunilha no jiló.
    Beijo,
    Afonso.

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  3. Que você continue nessa eterna busca pela palavra certa no lugar certo.
    Essa sua certa dedicação "doentia" e perfeccionismo "matemático", faz que cada dia mais cresça a admiração que sinto por você.

    Um beijo grande, criança.

    "Ainda que nada nos reste, aperto mais uma vez o delete..."

    uauha

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  4. para harumi quinn ou julia shimura ou lucia ou estragon ou hamlet


    numa navegação de cabotagem
    fui dar às costas de teu soneto:
    velho ritmo redivivo
    para contemporânea solidão virtual

    navegar é impreciso
    nesse mar parnasiano
    de ilhas de egos inflados
    de flácidos perfis fingidos

    mais exato o tato
    que o gesto no teatro evoca
    controle remoto
    na tecla da pele:

    é olho no olho
    dedo com dedo
    e dente por dente


    beijos
    zeca silveira

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